Noções Musicais na Formação de Musicoterapeutas
Análise dos Programas Acadêmicos, Universidade de Buenos Aires, Argentina
DOI:
https://doi.org/10.15845/voices.v25i3.4586Palavras-chave:
currículo, modelo conservatório;, pensamentos decoloniais, musicoterapiaResumo
Assim como no resto da América Latina, na Argentina os programas de formação em Musicoterapia parecem seguir diretrizes formuladas na Europa e nos Estados Unidos, nas quais predominam estratégias de ensino-aprendizagem concebidas a partir do Modelo Conservatório. Nossa equipe investigou as características desse modelo que estão presentes na formação acadêmica dos licenciados em musicoterapia que cursaram seus estudos na Universidade de Buenos Aires durante o ano de 2022.Por meio de um processo de pesquisa qualitativa, foram analisados (utilizando o Atlas.ti 8) os programas de todas as disciplinas, em todas as seções, exceto a de Referências. Os resultados mostraram que, na formação oferecida pela Universidade, a música é considerada uma modalidade expressiva, que a improvisação é a experiência musical mais valorizada pelos professores e que existe um forte interesse em analisar as produções sonoras, formal ou informalmente. Os instrumentos musicais mencionados com mais frequência são os de percussão e a voz.Os pensamentos decoloniais são críticos do modelo pedagógico do Conservatório, que circunscreve os processos de ensino-aprendizagem musical à leitura e à escrita, e privilegia neles a execução instrumental. Uma revisão crítica do atual plano de estudos à luz dos pensamentos decoloniais poderia contribuir para a construção de conhecimentos situados e permitiria trabalhar, no âmbito da carreira, sobre os efeitos da colonialidade na formação dos musicoterapeutas.
Comentário Editorial
Quais são as ideias sobre música transmitidas na formação acadêmica dos futuros musicoterapeutas? Quais aspectos dessa formação estão ligados aos modelos pedagógicos eurocêntricos e quais podem ser entendidos a partir de perspectivas descolonizantes? Consideramos fundamental a preocupação dos autores em nos alertar sobre a importância de visibilizar os lugares a partir dos quais os sujeitos e instituições envolvidos fazem suas afirmações e lhes atribuem valor. Eles nos dizem que, como formadores de musicoterapeutas na América Latina: “Podemos tornar explícito o lugar a partir do qual os conhecimentos são produzidos, sejam eles próprios ou aqueles aos quais recorremos para elaborar nossas pesquisas e/ou os processos de formação nos quais intervimos. Podemos tornar explícito que a divisão entre música popular e acadêmica responde a preconceitos ligados ao local de origem das músicas; podemos incluir nos repertórios de nossas disciplinas as músicas dos povos originários, as músicas folclóricas, populares e urbanas. Podemos reconhecer os processos de ‘branqueamento’dessas músicas no afã de fazê-las entrar nos circuitos acadêmicos.”
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Juan Ignacio Revuelta Berlanga, Virginia Tosto, Maria Florencia Vazquez

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Articles published prior to 2019 are subject to the following license, see: https://voices.no/index.php/voices/copyright